O fã de futebol teve de aguardar
cinco meses a mais que o normal, além dos tradicionais quatro anos, para,
enfim, respirar novamente uma Copa do Mundo. A espera chega ao fim neste
domingo (20), às 13h (horário de Brasília), com o duelo entre Equador e o
anfitrião Catar, no Estádio Al Bayt, abrindo a 22ª edição da maior competição
do esporte mais popular do planeta.
Desde 1930, o Mundial é realizado
entre os meses de maio e julho, mas uma adaptação foi necessária para que a
edição de 2022 se tornasse viável, devido às temperaturas médias acima dos 30º
C registradas no período. Com isso, a Copa do Catar será a primeira disputada
no fim do ano, com expectativa de um clima mais ameno – nos últimos dias, os
termômetros ainda apontavam muito calor (mais de 30º C durante o dia e mínima
de 25º C à noite).
A questão climática foi um dos
pontos polêmicos da escolha do Catar como sede da Copa, há 12 anos. Em reunião
do Comitê Executivo da Federação Internacional de Futebol (Fifa), o país do
Oriente Médio venceu a disputa com os Estados Unidos, levando a denúncias de
compra de votos pelos asiáticos – que negaram as acusações. Notícias sobre
mortes durante a construção dos estádios (segundo o jornal inglês The Guardian,
mais de 6,5 mil trabalhadores imigrantes perderam a vida) e o receio quanto à
postura da nação com a população LGBTQI+ e com as mulheres também vieram à
tona, causando protestos e tensão. Recentemente a família real do país decidiu
proibir a venda de cerveja no entorno dos estádios, como a Fifa e o Comitê
Organizador haviam anunciado.
Em meio às polêmicas, o Catar
chega à Copa como única cara nova entre os participantes. Os anfitriões terão a
missão de não repetir o que fez a África do Sul em 2010, quando foi o primeiro
país-sede a não passar da fase de grupos. Nos dois últimos Mundiais, porém, os
times estreantes (Bósnia e Herzegovina em 2014, Panamá e Islândia em 2018) não
foram ao mata-mata.
Outro fator que torna a Copa
deste ano marcante é que será a última no atual formato, com 32 seleções
divididas em oito grupos, com quatro times. A partir da próxima edição, em 2026
(EUA, México e Canadá), o torneio reunirá 48 equipes, separadas em 16 chaves de
três. A mudança foi anunciada pela Fifa em 2017 e foi aprovada por unanimidade
no conselho da entidade. Será a primeira vez que as seis confederações terão
representação garantida no Mundial – até 2022, o vencedor das eliminatórias da
Oceania disputava uma repescagem internacional.
O novo formato deve dificultar a
ausência, no Mundial, de seleções tradicionais. A edição do Catar, por exemplo,
não terá a tetracampeã Itália, a exemplo do que aconteceu há quatro anos, na
Rússia. Atual campeã europeia, a Azzurra foi surpreendida em casa pela
Macedônia do Norte, na repescagem. Equipes como Colômbia e Chile (outra que
havia perdido a Copa de 2018) também estão fora em 2022. Os chilenos chegaram a
acionar a Fifa e, posteriormente, a Corte Arbitral do Esporte, alegando que o
jogador equatoriano Byron Castillo estaria inelegível nas eliminatórias
sul-americanas por supostamente utilizar uma certidão de nascimento falsa (ele
seria colombiano), sem sucesso.
O palco do primeiro jogo da Copa
é, também, um dos sete estádios construídos (entre os oito disponíveis) para o
evento, sendo um dos únicos quatro fora da capital Doha, estando em Al Khor.
Nenhum dos convocados da seleção da casa, porém, defende o clube da cidade, de
mesmo nome, rebaixado à segunda divisão na última temporada. Entre os 26
jogadores convocados pelo técnico espanhol Félix Sánchez, metade atua no Al
Sadd, atual bicampeão do Catar. Caso do atacante Hassan Al-Haydos, mais
experiente do grupo, com 169 jogos vestindo a camisa catari.
No Equador, que chega à quinta
participação em Mundiais, a meta é pelo menos repetir 2006, na Alemanha, quando
a equipe passou de fase pela primeira (e única) vez e chegou às oitavas de
final. A seleção dirigida por Gustavo Alfaro fez a quarta melhor campanha das
eliminatórias sul-americanas, atrás somente de Brasil, Argentina e Uruguai. O
atacante Enner Valencia, principal artilheiro da história de La Tri, com 35
gols, é a maior esperança ofensiva da equipe, que tem o zagueiro Robert
Arboleda, do São Paulo, recuperado de uma lesão grave de tornozelo, entre os
convocados.
Catar e Equador abrem o Grupo A
da Copa do Mundo. Holanda e Senegal, que se enfrentam na segunda-feira (21), às
13h, no Estádio Al Thumama, em Doha, completam a chave. Os dois primeiros se
classificam às oitavas de final, onde terão pela frente líder e vice líder do
Grupo B (Inglaterra, Irã, País de Gales e EUA).
Fonte: Agência Brasil