No início da pandemia, o número de testes
para detecção de Covid-19 era reduzido e somente pessoas com sintomas de
moderados a graves podiam realizar exames. Passado um ano desde a chegada do
novo coronavírus à Paraíba, já não há dificuldade de acesso aos testes. No
entanto, muita gente ainda se confunde sobre os tipos disponíveis, métodos
utilizados e quando cada um deles é indicado.
O infectologista Fernando Chagas explica que
há quatro formas de saber se um indivíduo teve contato com o novo coronavírus:
por RT-PCR, teste rápido de antígeno, teste sorológico ou teste rápido
sorológico.
No caso do RT-PCR e do teste rápido de
antígeno, a forma de coleta de material é a mesma: por swab nasal. Isso acaba
gerando confusão entre os pacientes. Swab – popularmente chamado de cotonete –
não é o nome de nenhum exame, mas sim a técnica que se utiliza para retirar a
amostra do nariz da pessoa.
De acordo com Fernando Chagas, o RT-PCR e o
teste rápido de antígeno são os dois tipos de exames que mostram se o vírus
está ativo. “Se der positivo, significa que naquele momento você estava com a
doença”, diz.
O infectologista explica que a diferença
entre o RT-PCR e o teste rápido de antígeno é a sensibilidade do resultado, ou
seja, a probabilidade de ele estar correto. “A sensibilidade do RT-PCR é de, em
média, 90%. Já a sensibilidade do teste rápido de antígeno é de 70%. Logo, no
caso do teste rápido, se der negativo, temos que considerar outros fatores,
porque pode ser que a pessoa esteja sim infectada”.
Além dos exames que utilizam a técnica do
swab, existem os testes feitos a partir de amostras de sangue. São os chamados
exames sorológicos.
“Existe o teste rápido sorológico, que é o do
furinho no dedo, e existe o exame sorológico com resultado mais demorado, feito
a partir da forma tradicional de coleta de sangue. Esses exames vão identificar
os anticorpos que nosso organismo produz. Ou seja, eles não servem para dar
diagnóstico da doença ativa. Não tem relação com transmissão”, explica Fernando
Chagas.
Os resultados dos exames sorológicos podem
ser divididos em dois tipos:
Total – só diz se o indivíduo tem anticorpos
ou não
Específicos – com divisão dos grupos de
anticorpos entre IgM e IgG. O IgM é o anticorpo produzido assim que a pessoa é
infectada e pode ser positivo até o 3º mês após o contato com o vírus. Já o IgG
pode ficar positivo pelo resto da vida.
“Então, o IgM positivo sugere que você teve a
doença, ou pelo menos contato com o vírus, há pouco tempo. O IgG só diz que
você teve contato com o vírus em algum momento da pandemia”, explica Fernando
Chagas. “Esses exames servem para nos dizer a parcela da população que teve
exposição ao vírus e, no máximo, sugerir fortemente a doença para aqueles que
já estão a mais de 14 dias dos sintomas. Mas esses exames não fecham
diagnóstico”, complementa o infectologista.
Quando realizar cada tipo de exame
Fernando Chagas alerta que exames que
utilizam o swab devem ser feitos entre o 2º e o 7º dia de sintomas nos casos
leves e moderados ou entre o 2º e o 10º dia nos casos mais graves.
“Esse é o tempo em que o vírus é encontrado
no nariz. Passado esse período, o teste vai dar negativo, mesmo que a pessoa
esteja com a doença”, destaca.
Já os testes de sorologia só são indicados a
partir do 8º dia de sintomas, pois é quando o organismo começa a produzir
anticorpos. Dependendo da pessoa, esse processo demora mais e só começa a
partir do 14º dia.
“Por isso que esses exames não podem ser
feitos ao mesmo tempo. Não faz sentido. Se você está nos primeiros dias da
doença, ainda não tem anticorpos, logo não deve fazer o sorológico. Se você já
passou do 14º dia de sintomas, não tem mais vírus no nariz, então não deve
fazer exames com swab. É importante saber disso para não se confundir e obter
um diagnóstico equivocado”, alerta.
Preços dos exames
Desde agosto do ano passado, os planos de saúde
são obrigados, por determinação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS),
a oferecer testes de Covid-19. O Sistema Único de Saúde (SUS) também
disponibiliza os exames. Quem, por algum motivo, quiser realizar o procedimento
sem apoio do SUS ou de planos de saúde precisa desembolsar, no mínimo, R$ 200,
segundo pesquisa realizada pelo Procon-PB no mês de janeiro.
O menor preço cobrado pelo RT-PCR era R$ 290
e o teste rápido de antígeno custava a partir de R$ 220. Já os testes de
sorologia eram realizados a preços a partir de R$ 200. Até a publicação desta
matéria, o Procon-PB não tinha dados mais atualizados dos preços praticados por
laboratórios particulares no estado.