A crise provocada pela pandemia da Covid-19 pode
fazer com que a oferta de vagas temporárias no comércio para o período das
festas de natal e fim de ano seja menor desde 2015, estima a Confederação
Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Segundo a CNC, neste fim de ano, o comércio
deverá contratar 70,7 mil trabalhadores temporários para atender ao aumento
sazonal das vendas. O número é 19,7% menor do que o registrado em 2019 (88
mil). O natal é a principal data comemorativa do varejo e deve movimentar R$
37,5 bilhões em 2020.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, disse
que, mesmo impulsionado pelo e-commerce (comércio
eletrônico), o varejo ainda sente os efeitos das condições de consumo em meio à
pandemia. Ele destacou que a intensificação das ações de venda on
line tem ajudado na recuperação gradual do varejo nos últimos
meses e também será um dos impulsionadores das vendas para o natal. “Porém,
apesar de o comércio eletrônico ter crescido bastante, as vendas em shopping
centers vêm registrando retração, e isso impacta diretamente
no número de temporários contratados, em especial os vendedores.”
As lojas de roupas e calçados, que
historicamente respondem pela maior parte dos empregos temporários neste
período do ano, deverão ofertar 30,7 mil vagas em 2020. Segundo o economista
Fabio Bentes, responsável pelo estudo da CNC, o total equivale a pouco mais da
metade dos 59,2 mil postos de trabalho criados em 2019.
“Esse ramo do varejo vem apresentando mais
dificuldades para recuperar o nível de vendas anterior ao início do surto de
Covid-19”, disse Bentes. Somados ao ramo de vestuário, as lojas de artigos de
uso pessoal e doméstico (13,7 mil) e os hipermercados e supermercados
(13,4 mil) deverão responder por quase 82% das vagas oferecidas pelo varejo no
Natal.
Remuneração aumenta
A CNC estimou em R$ 1.319 o salário médio
de admissão para as vagas temporárias no natal, 4,6% acima da remuneração para
esse tipo de emprego no ano passado. Os maiores salários são esperados nas
lojas especializadas em produtos de informática e comunicação (R$ 1.618) e de
artigos farmacêuticos, perfumaria e cosméticos (R$ 1.602). Tais segmentos,
contudo, deverão responder por apenas 7% das vagas.
Fábio Bentes ressaltou que a taxa de efetivação
dos temporários após as festas de natal e fim de ano deverá ser a menor dos
últimos quatro anos. Segundo o economista, a queda é explicada pela incerteza
quanto à capacidade da economia e do consumo de sustentar o ritmo de
recuperação nos próximos meses. “É um cenário distinto daquele observado até
2014, quando, em média, 30% dos trabalhadores contratados costumavam ser
efetivados.”
Fonte: Portal Correio