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Fernanda Carvalho/O Tempo/Estadão Conteúdo |
O ministro Gilmar Mendes, do
STF (Supremo Tribunal Federal), atendeu ao pedido do procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, e autorizou a Polícia Federal a analisar vídeos do
transporte de documentos da CPI dos Correios para o arquivo do Senado, em maio
deste ano. A decisão faz parte do inquérito contra o senador Aécio Neves
(PSDB-MG), que apura se o tucano participou de uma suposta maquiagem nos dados
sobre o Banco Rural enviados ao colegiado em 2005.
No mesmo dia em que o inquérito
sobre Aécio foi aberto, em 3 de maio, servidores do Senado transportaram
documentos de uma sala da CPI para a Coordenação de Arquivo do Senado. Uma
semana depois, o Senado divulgou nota informando que o transporte dos documentos
partiu de um pedido do gabinete do tucano. Aécio alegou que estava colhendo
elementos para apresentar a sua defesa no Supremo. Foram transportadas 46 das
quase 1.000 caixas que compõem o acervo da CPI.
O objetivo dos investigadores
da PF é analisar os vídeos para identificar o servidor responsável por levar as
caixas e o itinerário pelo qual passou o carrinho com documentos da CPI. Mendes
também mandou que sejam comparados os números das caixas transportadas com os
que foram pedidos no ofício encaminhado por Aécio pedindo acesso aos
documentos, além de que o Banco Rural apresente cópias de todos os documentos
encaminhados a CPI. A decisão do ministro do STF é do dia 4 de outubro, mas só
foi publicada hoje.
A denúncia contra Aécio é fruto
do acordo de delação premiada do senador cassado Delcídio Amaral, que foi o
presidente da CPI dos Correios, ativa entre 2005 e 2006. Segundo Delcídio,
Aécio tentou, por intermédio de outras pessoas, convencê-lo a prorrogar o prazo
de entrega de documentos do Rural à CPI como pretexto de que, se não fosse
assim, o banco não teria tempo de atender às ordens da comissão. Na decisão de
hoje, Gilmar também formalizou a situação de Delcídio como investigado.
Em seu depoimento, Delcídio
disse que um dos interlocutores de Aécio teria sido o hoje prefeito do Rio de
Janeiro, Eduardo Paes, que na época era deputado federal pelo PSDB, também um
dos alvos do inquérito, junto com Clésio de Andrade. “Que os dados atingiriam
em cheio a pessoas de Aécio Neves e Clésio Andrade, governador e
vice-governador de Minas Gerais”, disse Delcídio em sua delação. Além deles,
Delcídio citou ainda o deputado Carlos Sampaio, afirmando que ele sabia da
tentativa de maquiar os dados, porém ele não é investigado no STF.
Com Estadão