Vinte e nove bilhões de reais. Esse é o tamanho do rombo
estimado provocado pela corrupção em esquemas investigados pela Polícia Federal
nas operações especiais realizadas somente neste ano. O valor seria suficiente,
por exemplo, para construir 6 mil Unidades de Pronto atendimento, UPAS do tipo
3, com capacidade de atender 350 pacientes por dia.
O ex-ministro
chefe da Controladoria-geral da União (CGU), Jorge Hage, afirma que num momento
em que o governo discute propostas para a reforma da Previdência também deveria
melhorar os mecanismos de controle do INSS para estancar a sangria do dinheiro
reservado a pagar os aposentados.
“É claro que
ninguém vai imaginar que isso possa substituir a necessidade de reforma de
alguns aspectos da Previdência. Agora, não há nenhuma dúvida de que o governo
poderia e deveria investir muito mais em equipar e preparar os órgãos de
controle. De modo que não tenha dúvida, que um investimento maior nisso,
aprofundando o controle, geraria uma economia geometricamente muito maior do
que isso custaria”, disse Hage.
O presidente da
Associação dos Delegados da Polícia Federal, Carlos Sobral, afirma que, apesar
de surpreendentes, os valores investigados poderiam ser maiores se a corporação
tivesse um efetivo adequado. Ele cita, por exemplo, o período da Olimpíada, em
que várias operações ficaram paradas porque delegados e agentes tiverem que ser
deslocados para trabalhar na segurança dos Jogos.
“Temos hoje 491
cargos vagos, já se aposentaram e já saíram da Polícia Federal, e mais 400 que
vão se aposentar nos próximos três anos. Se não realizarmos concurso agora em
2017, nem em 2020 a gente vai conseguir recompor esses quase mil cargos de
delegados vagos, que nos levará ao efetivo que a gente tinha nos anos 2000”,
afirma Sobral.
A Polícia
Federal diz, no entanto, que o número de operações especiais vem aumentando ano
a ano. Em 2011, foram realizadas 252. Em 2015, foram 516, e este ano, até
outubro, já foram 490. A média é de duas operações especiais por dia.
O diretor da PF,
Leandro Daiello, diz que mais do que aumentar a quantidade de operações a
corporação está empenhada em melhorar a qualidade da investigação.
“Mais do que a
quantidade, nós estamos preocupados com a qualidade da investigação. Ter um
padrão de investigar, ter uma qualidade na produção da prova, para que não se
cometam injustiças e para que se tenha a certeza de que aquelas pessoas
investigadas e as provas produzidas, deixem claro do seu envolvimento, ou não”,
disse Daiello.
Em valores
totais, a Operação Greenfield, realizada em setembro, foi a que mirou o maior
volume desviado: R$ 8 bilhões. É o valor estimado do prejuízo provocado nos
quatro maiores fundos de pensão do país: Funcef (dos funcionários da Caixa),
Petros (da Petrobras), Previ (do Banco do Brasil) e Postalis (dos Correios).
CBN